terça-feira, 24 de junho de 2008

Exercício da aula de 24 de junho

Inflação e comodismo

Terminou quase em festa a reunião ministerial convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na quinta-feira, para discussão das pressões inflacionárias e das possíveis ações contra a alta de preços. Mas o presidente decidiu não tomar nenhuma nova medida, porque o governo, segundo se concluiu, já fez a sua parte. Além disso, o Brasil, de acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, é quase uma ilha de estabilidade no meio de um vasto oceano agitado pela inflação.

Há pouco mais de 30 anos, o governo de então classificou o País como ilha de prosperidade durante a crise do petróleo. Poucos anos depois foi preciso, com profunda tristeza, rever a avaliação. Desta vez, pelo menos um órgão público, o Banco Central (BC), permanece mobilizado para enfrentar o perigo. Se a inflação for contida até o começo do próximo ano, será graças, portanto, à abominada política de juros altos. Será mais difícil e talvez mais custoso economicamente, mas esse é o caminho traçado, por enquanto. O Brasil, como disse o ministro Mantega, é um dos poucos países com a inflação dentro da meta, isto é, dentro do intervalo de tolerância definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).


O mercado financeiro continua projetando uma inflação abaixo do limite, para o fim do ano e para 2008. As projeções, no entanto, pioraram nas últimas duas semanas e os índices de preços mostram um quadro cada vez mais desfavorável. Primeiro ponto importante: a situação só não é pior porque o BC percebeu mais cedo os sinais de perigo e começou a agir. Sua disposição, como ficou claro na última Ata do Copom, é continuar elevando os juros para conter a demanda. Segundo ponto: ao contrário da tese exposta pelo ministro da Fazenda, o Executivo não tomou nenhuma iniciativa relevante para deter a onda inflacionária.


O ministro mencionou a decisão de elevar de 3,8% para 4,3% do PIB a meta de superávit primário deste ano. Mas a decisão apenas consagrou uma situação de fato. O resultado obtido até abril já estava muito próximo desse “novo” objetivo, não por causa de uma política austera, mas, basicamente, como conseqüência da elevação da receita. O superávit primário obtido até agora não foi suficiente para conter a expansão da demanda. O governo continua gastando muito e ainda não há sinais importantes de arrefecimento do consumo. O aumento do IOF cobrado nos empréstimos a pessoas físicas não afetou a tendência. Serviu para engordar a receita do Tesouro. Para isso o governo elevou o imposto no começo do ano, e não para conter a demanda.


O objetivo era compensar, em parte, a extinção da CPMF, mas o ministro parece haver esquecido esse detalhe. Em sua alegre exposição, o ministro da Fazenda insistiu na tese de uma inflação quase limitada aos preços de alimentos. Os fatos continuam desmentindo, e cada vez mais claramente, esse ponto de vista. Os maiores aumentos, é verdade, têm ocorrido nos preços da comida, mas a onda inflacionária já se espalha pela maior parte dos componentes dos índices de preços. Já não se trata de inflação localizada, até porque o encarecimento das matérias-primas - alimentos, derivados de petróleo e metais - tende a contaminar todos os setores da economia.


A primeira providência, portanto, deve ser a contenção da demanda para limitação de repasses. O estímulo à produção agrícola, prometido pelo governo, será uma providência bem-vinda. Mas uma boa política de financiamento e de preços mínimos seria necessária mesmo sem as pressões inflacionárias de hoje. A boa oferta de alimentos é condição permanente de estabilidade de preços. Além disso, é fator indispensável à segurança das contas externas. Sem uma boa safra na temporada 2008-2009, a situação brasileira se agravará. Mas uma boa safra no Brasil, desejada por todos, será insuficiente para inverter a tendência dos preços internacionais, se confirmadas as perdas estimadas nos EUA. O governo poderia sem grande sacrifício elevar para 4,8% do PIB a meta de superávit primário. Isso tornaria mais segura e mais fácil a política antiinflacionária. Falta o presidente admitir essa obviedade.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Exercício: Títulos de Política

Promotores e Juízes insistem em barrar candidatos "sujos"

TSE pode divulgar nomes de candidatos com ficha suja

Eleitores serão identificados pela digital em 10 anos

Advogado garante provar pagamento a amigo de Lula no caso Varig

Justiça vai decidir se compra da Varig pela Gol é legal

Biografia de Brizola aponta interferência dos EUA durante ditadura

Na cadeia, prefeito de Juiz de Fora renuncia ao mandato

Depois do escândalo, governo reduz gastos com cartão corporativo

Presidente da Câmara faz esforço para aprovar nova CPMF

Projeto em discussão para reduzir manobras da oposição

Arruda decreta intervenção na área de cemitérios e funerárias

Proposta regulamenta em âmbito nacional setor funerário

Ex-gerente de cemitério e concessionária trocam acusações

Exercício: títulos na editoria de Cidades

Falta de acordo entre Terracap e índios atrasa Setor Noroeste

Catetinho impede apoio do Ministério Público para aprovar PDOT

Gambiarras provocam apagão em várias cidades

Incêndio prejudica obras de mutirão em escola de Valparaíso

Jogador do Brasiliense é preso no estádio por agredir a mulher

Preso mais um acusado de tráfico na Operação Bomba Atômica

Menino de quatro anos morre ao cair do balanço na escola

Maciel deixa secretaria de Saúde e assume Casa Civil

Parquímetros nos estacionamentos vão coibir flanelilhas

Pato raro é encontrado na Chapada dos Veadeiros

Ação contra invasores

O lançamento do Setor Noroeste vai atrasar mais uma vez. Não houve acordo entre o governo do Distrito Federal e os índios que habitam a região, em reunião realizada ontem (16) no Ministério Público Federal. A Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) propôs a transferência dos moradores para uma fazenda no Recanto das Emas, mas os índios recusaram qualquer possibilidade de desocupação.

O embate vai parar na Justiça. A Terracap diz que vai tentar autorização para retirada à força porque considera os ocupantes invasores de área pública. Os índios também pretendem procurar apoio no Judiciário para permanecer no local. Enquanto os dois lados não se entenderem, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) não poderá emitir a licença ambiental do setor e o governo fica impedido de lançar editais de licitação para vender os terrenos onde será construído o empreendimento habitacional.
O procurador da República Peterson de Paula Pereira tentou intermediar um acordo. Ele propôs a realização de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para a transferência dos índios. Pereira, no entanto, considera que não há possibilidade de entendimento e telefonou ontem para comunicar a decisão ao presidente da Terracap, Antonio Gomes (foto). Responsável pelo empreendimento, ele avisa que vai buscar uma liminar para fazer a retirada.“O interesse de 27 pessoas não pode prevalecer. O Setor Noroeste vai abrigar mais de 40 mil pessoas. Isso é uma incongruência”, reclamou Gomes. Os índios garantem que não vão desocupar a área mesmo que a Terracap consiga uma medida judicial.

Dor e revolta no Rio


Em meio a protestos de amigos e desespero de familiares, foram enterrados ontem no Rio de Janeiro os três jovens entregues a traficantes para a morte pelo Exército Brasileiro. Wellington Gonzaga Costa, 19 anos, David Wilson Florêncio da Silva, 24, e Marcos Paulo da Silva, foram seqüestrados perto de suas casas, no Morro da Providência, torturados e deixados por homens do Exército perto de bandidos de uma facção criminosa rival, no vizinho Morro da Mineira.

Cada um levou cerca de 20 tiros no rosto e no corpo. Ficaram desfigurados. Foram identificados pelas tatuagens. A Justiça decretou a prisão de 11 militares – um oficial, três sargentos e sete soldados – como suspeitos de serem os responsáveis pelas mortes. Três homens admitiram que levaram os rapazes ao Morro da Mineira para serem entregues a traficantes como castigo por desacato.

Durante o funeral, houve ataques duros ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao senador Marcelo Crivella (PRB), candidato à prefeitura do Rio. O parlamentar é autor do projeto Cimento Social, do Ministério das Cidades, que levou representantes do Exército ao Morro da Providência para fazerem obras de infra-estrutura urbana. “E agora, presidente Lula?”, questionava um cartaz.

O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrane, criticou a ocupação do Exército. Para ele, o episódio mostra que a solução para a redução da criminalidade está no fortalecimento das polícias e não no emprego das Forças Armadas como solução milagrosa.

Crítca ao texto: "The end of Legacy Media", de Jakob Nielsen

O prazo estipulado por Jakob Nielsen em seu artigo "The end of Legacy Media" vence em agosto próximo e, no Brasil, parte de sua previsão se concretiza. Cada vez mais, com os avanços tecnológicos, a convergência da mídia se torna uma realidade. Hoje há uma variedade grande de portais que disponibilizam vídeos, podcasts, textos de notícias e análises aprofundadas dos fatos do dia-a-dia. Um único meio reúne vários tipos de mídia e o cidadão pode conhecer uma mesma história em vários ângulos, apenas com um clique.

Mesmo assim, os diferentes meios de comunicação convivem e tentam se adaptar a essa transformação. As reportagens em jornais e revistas ainda são consideradas mais nobres do que o conteúdo publicado na internet. Na hora de divulgar um assunto de grande repercussão, uma empresa jornalística ainda privilegia os meios tradicionais, quando há possibilidade de esperar a próxima edição sem correr o risco de perder o furo. O mesmo ocorre nas TVs. O noticiário online ainda está atrelado aos fatos quentes do dia e a cultura jornalística no Brasil na web ainda é muito vinculada às notícias em tempo real, com um crescimento dia-a-dia das análises aprofundadas nos blogs.

Num país como o nosso, em que há dificuldade de acesso universal a um computador, o fim dos meios tradicionais ainda parece distante. As televisões mantêm um poder enorme de comunicação de massa e o leitor comum ainda gosta de ler, no jornal em papel, os fatos do dia. O mesmo ocorre em relação aos livros. Existe ainda uma dificuldade de adaptação ao novo mundo das leituras na tela do computador. Vai chegar o dia em que os livros serão disponibilizados em pequenos equipamentos portáteis. Mas acredito que essa época é distante no Brasil.

É certo, no entanto, que as mudanças por que passa o Correio Braziliense mostram que existe uma exigência cada vez maior para quem quer oferecer notícia de qualidade ao cidadão. Quem está interessado na informação quer analisá-la com profundidade, em vários ângulos. Quanto mais atrativa estiver a apresentação do noticiário, mais fiel será o leitor-ouvinte-telespectador. Atrás deste objetivo, repórteres do Correio recebem treinamento para que possam se adaptar a uma nova realidade. O trabalho tem de ser mais completo. Para se encaixar no novo mercado, um profissional tem de reunir várias habilidades, situação completamente diferente do que havia há 10 anos.

Como afirma Nielsen, essas mudanças aquecem o mercado. As empresas de comunicação precisam, cada vez mais, de empregados especializados e com múltiplas capacidades. Mas, por outro lado, há sem dúvida um aumento da carga de trabalho. As demandas aumentam, mas não há o correspondente crescimento no número de empregados.